LUÍSA LOPES
I - Eu, que moro aqui
O corpo no corpo da casa
As imagens da casa seguem nos dois sentidos: estão em mim assim como eu estou nelas. Com base no capítulo 1, do livro “A Poética do Espaço” (2021), de Gaston Bachelard, na série de fotografias da coleção "O corpo no corpo da casa", o meu corpo é incorporado em móveis do meu quarto. Considero o quarto o meu universo particular, espaço de expressão de quem eu sou. A cama, a mesa de desenho e o armário com as roupas, tudo isso reflete-se no meu corpo. Uso a roupa de cama que era da minha tia C., o manto com o qual ela dormia, isso protege a mim e ao meu sono. Suas roupas misturam-se com as minhas. Dentro do baú da cama, vejo objetos que pertenciam a ela e me deito abaixo do colchão, sentindo-me nesse espaço entre a dimensão terrena, o onírico e o espiritual. Esse espaço, construído ao mesmo tempo em que é vivido, segue na lógica de que "é preciso dizer então como habitamos nosso espaço vital de acordo com todas as dialéticas da vida, como nos enraízamos, dia a dia, num 'canto do mundo'" (BACHELARD, 1958, p. 200).
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço, 1958. Disponível em: https://filosoficabiblioteca.files.wordpress.com/2013/11/bachelard-a-poc3a9tica-do-espaco.pdf. Acesso em: 21 ago. 2021.